"Logan" Um Triste Adeus ou um Recomeço? (Resenha)
- Jhonny
- 21 de mar. de 2017
- 4 min de leitura

Nossa resenha está um pouco atrasada, eu sei, mas não podia deixar de falar sobre esse filme. Vamos ao que interessa!
Quando assisti ao primeiro trailer percebi que esse seria um filme inesquecível, por uma ou outra razão. Na verdade, mesmo antes de ser divulgada qualquer outra informação, o nome “Logan” me passou uma mensagem clara: Não é um filme sobre o Wolverine, nem sobre os X-Men e muito menos sobre heróis e vilões, é um filme sobre o Logan, apenas isso.
Desde o princípio do filme (já nos trailers) ficou claro que a trama não teria grande relação com os quadrinhos, eles serviriam de base apenas para o estado do Wolverine e a ideia de um futuro catastrófico para os mutantes.
Existem algumas referências no filme, talvez a mais aclamada e ao mesmo tempo decepcionante pra os fãs seja a revista em quadrinhos que mostra os X-men (incluindo Wolverine) usando os uniformes clássicos. Digo “decepcionante” porque apesar de trazer uma nostalgia e a cena ser bem incluída, o que os fãs realmente queriam era Hugh Jackman usando o uniforme, mesmo que fosse em flashbacks. Outra referência, talvez a mais impactante, é ao filme “Os Brutos Também Amam (1953)”. Esse filme, de certa forma, fala sobre como a violência, independente para qual fim seja usada, acaba também afetando aquele que a comete. A cena onde Xavier (Patrick Stewart) e Laura (Dafne Keen) estão assistindo a esse filme é tão ou mais profunda quanto o resto do filme, deixando o “clima” no cinema ainda mais pesado.

A ideia da violência marcar o indivíduo ainda que este esteja fazendo "o certo" é expressa quando Laura justifica a morte dizendo ao Logan que “aquelas pessoas eram más”. A resposta dele resume a ideia do filme: “Dá no mesmo”. Logan traz exatamente essa mensagem: as marcas da violência numa pessoa que só viveu disso na maior parte de sua vida.
Alguns podem não encarar este filme como um “filme de super-herói”, e estão até corretos de certa forma, no entanto, não seria possível entender tudo o que o enredo tinha a oferecer se o mesmo fosse lotado de heróis sem foco, recheado de exagerados e até esdrúxulos efeitos especiais que no geral, não causam danos a ninguém.
Ainda que sem explorar tanto “o fator mutante”, Logan traz algo que sempre esteve presente nas HQ’s dos X-Men, mas ficou subentendido nos filmes: A Família. Os X-Men são excluídos pela sociedade, se sentem acuados e acham no instituto um lar, uma família e isso nunca foi tão bem explorado quanto em Logan, um filme onde não se tem nem mutantes e nem instituto. (Curioso, não?)

O fato de Laura começar como um problema para Wolverine (que não lhe pertence e ele não ter a mínima vontade de resolver) e depois se transformar na sua “redenção”, poderia ter sido clichê, mas o contexto o torna um arco belo e profundo, justamente porque além do próprio Wolverine já não acreditar em si mesmo, o peso deste autojulgamento aumenta ao ouvir “você é uma decepção” da boca do próprio Professor. Logo, Laura é a sua última chance, não de se redimir, mas de deixar um legado que não seja um simples fruto da sua violência.
Claro que nem só de pontos positivos é feito um filme. Desde o começo, o mutante Caliban (Stephen Merchant) está estrategicamente colocado em cena, no entanto, ao longo da trama ele quase é jogado para escanteio e no fim, foi jogado mesmo. Os vilões acabaram por ficar sem preso na trama, claro que isso não foi tão nocivo ao todo, mas afetou o enredo. Os roteiristas e o diretor optaram por não colocar flash backs ao longo da trama, isso colaborou com o enredo e o clima pesado do longa, no entanto acabou por deixar alguns vazios como a cena da morte dos X-men, a doença do Xavier, dentre outros acontecimentos. O diretor, James Mangold, explicou o porquê de cortar as cenas de flash back: "Eu queria fazer um filme mais sobre personagens do que sobre informações". Ainda assim, o filme tem alguns momentos “Wikipédia”, como a cena em que durante uma perseguição frenética, o Professor começa a explicar o porquê da X-23 ter duas garras nas mãos e uma nos pés
Dentro dessa mistura de pontos positivos e negativos, Logan é um ótimo filme de ação, um belo filme de drama e (na minha opinião) o melhor filme dos X-Men. Destaque para as cenas de violência explicitas (estamos falando da fera Wolverine em ação) e principalmente para atuação e afinidade afinada de Hugh Jackman e Patrick Stewart. A pequena Dafne Keen merece todos os aplausos por passar a maior parte do filme sem falas e ainda assim, impactar tanto com sua atuação;

Com um olhar no futuro, Logan (junto a Deadpool e talvez Batman vs. Superman) traz uma esperança de que Hollywood nos presenteie com mais filmes de super-heróis que sejam ousados no que diz respeito ao enredo e com um peso a mais na sua produção e cada vez menos filmes genéricos recheados de efeitos especiais, cenas explosivas e piadas deslocadas (nenhuma referência vingativa aqui, Capitão).
Essa é minha opinião, claro, não quer dizer que seja lei. Caso concorde ou discorde, deixe seu comentário.
Até a próxima.
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